Hoje, 3 de fevereiro de 2011, o Diretor do SAC da Masterfoods ligou para mim.
Tivemos quase quarenta minutos de conversa e é quase impossível lembrar tudo o que falamos. Mas, os melhores momentos foram aqueles que já esperava:
1. expressou a preocupação da empresa de saber detalhes do ocorrido, como datas, números dos lotes infestados, validade, local de compra – dados que lhe foram passados, sem dúvida.
2. propôs-se a substituir o produto infestado por outro, o que foi prontamente recusado, como já afirmara aqui neste blog que eles fariam e que eu não aceitaria; porque é assim que as empresas agem: vão à casa do consumidor, substituem o produto contaminado e muitas têm ainda a cara de pau de oferecer algum brinde a mais, como forma de “deixar o consumidor satisfeito”, o que, para mim, é enganação, é apenas um “cala a boca” e tudo fica por isso mesmo. Deixei isso bem claro para o ilustre diretor do SAC, o que o deixou um tanto desconfortável. Disse-lhe mais: que poderia pensar em processar a empresa e tirar deles algum tipo de indenização, mas que não era esse o meu objetivo: não adiantaria nada ganhar 5 ou 10 ou 100 mil reais e continuar a comer comida com bicho;
3. argumentou que há pouquíssima s reclamações contra o produto e que a empresa está no mercado há quinze anos etc. Expliquei-lhe que, realmente, as pessoas não reclamam porque, primeiro, não têm a cultura da reclamação e, em segundo lugar, as larvas do arroz são exatamente iguais aos grãos do arroz, ou seja, são extremamente parecidas com o alimento que elas consomem e que só o olho esperto de meu filho foi capaz de identificar no meio do prato um pontinho preto e resolver isolá-lo, para termos o susto de lá encontrar o bicho no meio do arroz cozido. Então, estamos comendo bicho há muitos anos sem perceber, o que é um absurdo em se tratando de uma empresa tão tradicional como a que ele representa; e mais: que, em se tratando de alimentos, nossa tolerância devia ser zero; que não fora a primeira vez a encontrar bicho dentro do arroz deles e que só não reclamara antes porque pensara que fosse evento pontual, ou seja, que isso não voltaria a acontecer, mas isso se repetiu em lotes diferentes, comprados em locais diferentes;
4. explicou-me longamente o processo que o bicho, ou seja, as lagartas usam para infestar o arroz: sua perícia em perfurar as embalagens, seu ciclo de vida, sua reprodução etc e etc. Que é praticamente impossível impedir a proliferação dos bichos nos alimentos, porque uma embalagem mais resistente iria encarecer demais o produto etc. Retruquei que, primeiro, achava o bicho do arroz mais esperto que eles (o que o deixou bastante contrariado); que ele estava me dizendo que nos devíamos conformar em comer arroz com bicho, porque vivemos num país tropical e isso é inevitável (o que o deixou bastante incomodado); que, enfim, ele pensava que eu desconhecia tudo isso, ou seja, que eu, como consumidor, sou um ignorante em relação a pragas e à biologia (com o que ele, afinal, se desculpou, que não era bem assim). Enfim, mesmo que eu ache que suas intenções tenham sido as mehores possíveis e corretas quanto ao direito do consumidor, isso é exatamente o que toda empresa faz: tenta nos “enrolar”, com explicações técnicas, que ele estava repetindo, mais ou menos, a mesma expressão que eu ouvia na minha infância de que “bicho de goiaba goiaba é”, ou seja, que ele estava querendo passar a mensagem de que também “bicho de arroz arroz é”;
5. finalmente, prometeu o ilustre diretor do SAC da Masterfoods fazer uma inspeção rigorosa em seus processos e averiguar – de posse dos dados que lhe passei – o que está ocorrendo com o arroz e voltar a entrar em contato.
Bem, foi isso. Resumidamente.
Esperemos que a empresa – tomado esse susto – comece a respeitar melhor seus consumidores, que devem ficar atentos, porque deve haver muita gente que comeu e está comendo ARROZ UNCLE BEN’S parboilizado com bicho, sem saber. E isso não tem a menor graça, porque bicho de arroz é bicho de arroz, não é arroz.
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