O CASO DAS FATIAS DE ABACAXI, CHEIROSAS E...
Trabalhava no cento de São Paulo. Uma colega descia num ponto de ônibus próximo às ruas de comércio popular, atulhadas de camelôs. Um dia, no trajeto entre o ponto e o trabalho, surgiu uma barraca de vendedor de abacaxi.
Sabe aqueles abacaxis enormes, amarelos, cheirosos? Ele, o ambulante, vendia fatias bem fornidas da fruta. Uma tentação. E minha amiga adorava abacaxi. Sempre pensou em parar e comprar uma fatia, a boca salivando, sempre. Mas resistia: era um pouco cismada com comida de rua.
E todos os dias, o tormento: passar por aquela banca e sentir o cheiro daqueles abacaxis, contemplar as fatias dispostas em pratos, para atrair a freguesia, que parecia grande. Muita gente a saborear aquela iguaria perfumada, no meio da fumaça dos carros, dos ônibus, da poeira da rua e, principalmente, um oásis no meio do cheiro de frituras de outras barracas mais ou menos próximas.
Minha amiga resistia. Resistiu por um bom tempo.
Um dia, ainda no ônibus, pensou: afinal, o que pode haver de sujeira numa fatia de abacaxi? Principalmente se a fruta for descascada e fatiada na hora, ali, na frente do freguês? Poluição e poeira, a gente respira e engole todo dia, afinal...
E resolveu: hoje não passa – vou comprar uma fatia daquele abacaxi!
Resolução tomada, desceu do ônibus como sempre e como sempre seus passos a conduziram pelo caminho de sempre, onde sempre se via a barraca do vendedor de abacaxi. Sua boca salivava de vontade, antecipando o cheiro, o gosto, a doçura da fruta.
Mas... o azar, o destino, sei lá o quê, mudaram uma resolução tanto tempo acalentada.
Ao aproximar-se da banca do vendedor de abacaxi, eis que minha amiga surpreende o camelô afiando a grande faca, a faca com descasca habilmente o rebelde abacaxi, a faca com que corta num só golpe a fatia dourada e espalha ainda mais pelo ar aquele aroma irresistível... sabe onde? – bem no meio fio!
Sim, ele afiava a faca no cimento do meio feio da calçada! Que já estava até meio gasta com a atividade...
Bem, nem preciso concluir com os sentimentos de minha amiga. Só preciso advertir: cuidado, muito cuidado com comida de rua.
Assim como uma simples fatia de abacaxi pode estar sendo cortada com uma faca amolada no meio fio da rua – onde todos pisam, por ande passam ratos e baratas, onde a enxurrada da chuva ou a água de uso em bares e restaurantes passam, deixando detritos – a comida que você está comendo na rua pode ter... COLIFORMES FECAIS e outras porcarias.
Ou seja, você pode estar comendo COMIDA COM COCÔ!
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